Cidades precisam redobrar cuidados com as árvores

Data da publicação: 20/01/2024

Especialistas alertam que as grandes cidades devem redobrar os cuidados com a manutenção e o manejo de árvores. A expectativa de que eventos climáticos extremos sejam cada vez mais frequentes reforça essa preocupação. Em São Paulo, por exemplo, milhares de árvores caíram durante os temporais que atingiram a cidade recentemente, provocando acidentes, bloqueio de ruas e avenidas, além da destruição da rede elétrica. Em novembro do ano passado, uma tempestade com ventos de mais de cem quilômetros por hora derrubou cerca de duas mil árvores. Muitas delas danificaram postes e cabos de transmissão de energia e cerca de dois milhões de pessoas ficaram no escuro. Vamos acompanhar uma reportagem de Adriana de Lucas sobre esse assunto. Em cidades como São Paulo, cheias de prédios, as áreas verdes são refúgio. Aliviam o calor, reduzem a poluição e previnem enchentes. Mas as árvores também viraram motivo de preocupação. Isso é o que sobrou de uma árvore de grande porte que caiu em Osasco, na região metropolitana de São Paulo, durante um temporal nesta semana.

O impacto destruiu o muro de uma escola, dois carros e uma idosa ficou ferida. A rede elétrica também foi danificada e toda a região ficou sem energia. Somente neste ano, em meio às fortes chuvas que atingem o estado, o corpo de bombeiros já recebeu mais de mil chamados para queda de árvores. Um problema que provoca o bloqueio de vias, acidentes, destruição da rede elétrica e mortes. No começo do ano, um homem de cinquenta e oito anos morreu ao ser atingido por uma árvore durante um temporal em Itupeva, no interior paulista. Os eventos climáticos explicam em parte o número de árvores caindo em São Paulo. São temporais constantes, com rajadas de vento históricas. Em novembro do ano passado, por exemplo, a cidade registrou ventos com mais de cem quilômetros por hora. Milhares de árvores caíram e a maior cidade do país ficou dias com bairros inteiros sem energia elétrica.

Dois milhões de pessoas ficaram sem energia. Segundo o Instituto Acende Brasil mais de noventa por cento das interrupções aconteceram devido aos danos que as quedas de árvores provocaram na rede elétrica. “Se você tivesse essas árvores melhores tratadas nesse aspecto, preventivamente, você não teria as duas mil quedas de árvore. Teria um número menor, não sei quão menor, mas teríamos menos desligamentos. Então, é importante cuidar das árvores.” A queda de árvores gera um grande impacto no setor elétrico do país e é um desafio para o poder público. A capital paulista tem cerca de seiscentas e cinquenta mil árvores. Além das que já caíram, muitas outras ainda correm o risco de desabar. Como é o caso desta na zona sul da cidade: emaranhada às fiações e em meio às casas e comércio, a árvore de grande porte pode vir abaixo durante um temporal. Este pesquisador e engenheiro agrônomo explica que são vários motivos que podem causar as quedas. Mas entre os principais estão o estado da madeira, o local e o espaço onde a espécie foi plantada e podas irregulares. “A árvore, como todo ser vivo, apresenta sinais de que ela vai cair. Nem sempre esses sinais são super visíveis, mas cabe a nós técnicos monitorarmos e anteciparmos essas situações, atuando na mitigação, principalmente cuidando das árvores ao longo do tempo. Para nós é muito triste, né. Porque quando cai uma árvore, é um sinal da falta total de zelo dos responsáveis por elas, o poder público, em relação a todas as atividades que deveriam ser tomadas, como plantar a árvore certa no lugar certo, cuidar delas ao longo do tempo e também uma substituição quando necessária.”

A prefeitura de São Paulo lançou em dois mil e vinte o Plano Municipal de Arborização Urbana, com duração de vinte anos. Para melhorar o manejo e criar um sistema de gestão participativa das árvores da cidade. O plano, que tem período de revisão a cada cinco anos, tem cento e setenta ações previstas. Entre elas, um inventário arbóreo. Segundo a Secretaria do Verde do Meio Ambiente da Prefeitura, quarenta e duas ações do plano estão em andamento. “Geralmente, a arborização é o último dos estágios de desenvolvimento de uma cidade. A gente primeiro pensa na educação, em segurança, saúde… E depois na arborização urbana. Mas isso tem se invertido ao longo do tempo porque todos os estudos evidenciam mais a importância da proximidade das pessoas com a natureza, seja ali uma árvore que atrai passarinhos e criam um ambiente melhor para as pessoas conviverem.”

Para os especialistas, cuidar das árvores é um dever da gestão pública das cidades e uma questão de urgência. Já que os eventos climáticos extremos, como temporais, enchentes e fortes rajadas de vento são cada vez mais comuns. “Em um evento extremo dessa natureza, você não consegue ter um sistema que seja totalmente imune a isso. Mas você consegue sim, tomar um conjunto de medidas que em maior ou menor grau mitigue esse problema, torne seus efeitos menores do que se não houvesse essas ações preventivas. Poda, fazer a poda mais tempestiva e até mesmo um transplante. Transplantar árvores que muitas vezes já não estão sadias e outras que tem que ser transplantadas mesmo, porque já chegaram numa dimensão que nem mesmo a simples poda pode resolver.”

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