Especialistas apontam impactos no fornecimento de energia decorrentes de eventos climáticos

Data da publicação: 05/08/2024

Documento do Instituto Acende Brasil mostra tipos de incidências e aponta medidas mitigatórias

As métricas da Organização Meteorológica Mundial (OMM) mostram que tem ocorrido, pelo menos, um desastre diário relacionado ao tempo, clima ou água nos últimos 50 anos. O resultado são dois tipos de perdas, na média diária: 115 vidas humanas e US$ 202 bilhões em prejuízos. O ponto positivo desse acompanhamento é que o número de óbitos diminuiu ao longo do período, graças aos sistemas de alerta e preparação prévia para os eventos climáticos. No entanto, a frequência dos eventos aumentou cinco vezes ao longo dos 50 anos.

As estatísticas da OMM também estão no radar dos especialistas brasileiros e, inclusive, levaram à elaboração de um estudo pelo Instituto Acende Brasil. O trabalho apontou 25 tipos de impactos sobre o suprimento de eletricidade decorrentes de eventos extremos ao longo de toda a cadeia de valor do setor elétrico. Para cada evento listado, os autores indicam os reflexos prováveis e as ações mitigatórias de seus efeitos.

De acordo com Claudio Sales e Alexandre Uhlig, respectivamente presidente e diretor de Sustentabilidade do Instituto, o estudo pode pautar ações no Brasil para implementar iniciativas como as apontadas no documento, sem exploração político-eleitoral de tragédias que afetam a população, especialmente, nas camadas mais vulneráveis.

Infraestrutura e processos no radar das vulnerabilidades

No setor elétrico, os efeitos das mudanças climáticas que crescentemente afetam a geração, transmissão e distribuição, envolvem o aumento da temperatura média, a diminuição da precipitação média, o aumento de ventos em áreas áridas e litorâneas e a elevação do nível do mar.

Os dois especialistas destacam que é a combinação desses efeitos que tem produzido, com frequência crescente, a incidência de eventos climáticos severos, como ventos fortes, calor extremo, tempestades, inundações, deslizamentos de terra, raios e incêndios, dentre outros.

Um terceiro estudo apontado por eles é o realizado pelo National Renewable Energy Laboratory (NREL), que indica que as vulnerabilidades do setor elétrico em todo o mundo se dividem em duas categorias: infraestrutura e processo.

Em termos de soluções, a infraestrutura seria mais fácil de resolver, com ações que incluem reforços no sistema, embora com alto custo. Na análise do NREL, as vulnerabilidades dos processos são mais complexas, mas geralmente possibilitam correções mais econômicas, como treinamento e desenvolvimento de normas.

Eles alertam, ainda, que as metas do Acordo de Paris podem não estar sendo seguidas. A opinião está baseada no relatório com cinco diferentes cenários de emissões de gases de efeito estufa (GEE), elaborado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e publicado em 2023. Nesse documento, o melhor dos cenários – aquele que se alinha às metas do Acordo de Paris – ainda mantém o aquecimento de 1,5°C até o ano de 2100.

 

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