O ‘rei do gás’ na Câmara

Data da publicação: 26/05/2022

26/mai/2022, O Globo

Pouco afeito a aparecer em público, o empresário Carlos Suarez, ex-sócio-fundador da OAS, conhecido como o “rei do gás”, foi convidado a comparecer à Câmara para dar explicações sobre uma de suas várias investidas no setor: a criação do que se convencionou chamar de “Centrãoduto”, ou Brasduto.

A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara aprovou ontem um requerimento de autoria do deputado Elias Vaz (PSB-GO) e decidiu realizar uma audiência pública para discutir a política de uso das termoelétricas movidas a gás natural e a construção de gasodutos bilionários bancados com recursos públicos. A expectativa é que a reunião seja realizada já na semana que vem.

Suarez foi convidado. Não foi convocado. Pode, portanto, não comparecer. E é (muito mais) provável que não vá mesmo. Ainda assim é uma é uma exposição que ele jamais teve no Congresso.

A proposta de criação do Brasduto causa polêmica desde que surgiu, em 2017, quando ainda era chamado de Dutobras. Trata-se de um fundo para financiar a construção de gasodutos de Norte a Sul do país, com recursos públicos vindos da comercialização de petróleo da União. A medida beneficiaria Suarez, que é sócio de pelo menos oito distribuidoras no país.

Suarez, que ficou sob os holofotes recentemente por suas relações controversas com Rodolfo Landim e Adriano Pires – indicados para assumir cargos de direção na Petrobras –, coleciona boas relações no Congresso Nacional e um histórico de interferências em temas legislativos relativos ao setor.

Partiu dele o jabutis na MP da Eletrobrás que obrigaram o Estado a contratar usinas a gás nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste.

Agora, a investida da vez é para que saia dos cofres públicos o dinheiro que vai bancar os gasodutos que levarão o insumo Brasil afora.

Além de Suarez, foram convidados a comparecer à audiência a Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase), o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a Agência Nacional de Petróleo (ANP), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), o Instituto Acende Brasil.

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