Por que é tão difícil substituir as redes de energia aéreas por subterrâneas no Brasil?

Data da publicação: 09/11/2023

Maior entrave para o enterramento das redes é o alto custo

RIO — Os efeitos das chuvas da última sexta-feira (3/11) em São Paulo sobre o fornecimento de energia elétrica levantaram questionamentos sobre como tornar as redes de distribuição mais resilientes a efeitos climáticos extremos.

Especialistas afirmam que, apesar de não resolver toda a questão, a substituição das redes aéreas por linhas subterrâneas poderia ajudar, pois evita a queda de árvores e outros impactos sobre os cabos elétricos.

As tempestades deixaram 4,2 milhões de residências sem luz na região metropolitana de São Paulo. Parte dos consumidores atendidos pela Enel ainda estava sem energia na quarta-feira (8/11) pela manhã.

Segundo a concessionária, 95% das ocorrências registradas foram causadas por quedas de árvores e foi necessário reconstruir 100 quilômetros de redes, o equivalente à distância da capital a Campinas.

Devido ao cenário, o Ministério Público de São Paulo pediu que a prefeitura da cidade apresente em 30 dias um projeto para o enterramento da fiação.

A Agência Nacional de Energia Elétrica convocou uma reunião com as distribuidoras afetadas pelas tempestades para esta semana para discutir como tornar os sistemas mais resilientes e menos vulneráveis às condições climáticas adversas

Em nota enviada à agência epbr , a própria Aneel admite que as redes subterrâneas são uma alternativa a ser estudada para evitar que cenários como esse voltem a ocorrer, mas ressalva que é preciso adotar a solução em casos em que os benefícios justifiquem os altos custos.

O maior entrave para o enterramento das redes é o alto custo. Segundo a diretora da consultoria PSR, Ângela Gomes , o custo de instalação de redes subterrâneas tende a ser até dez vezes maior do que o uso de cabos aéreos.

Como as distribuidoras são ressarcidas, por meio de reajustes nas tarifas, pelos investimentos na melhoria das redes, um eventual esforço para enterrar os fios teria impactos diretos nas próximas revisões tarifárias.

“Uma pergunta importante a se fazer é se queremos que as tarifas paguem o preço do enterramento das linhas. As tarifas já são caras e hoje a distribuição tem um peso de 43% no custo final pago pelos consumidores”, ressalta Gomes.

O presidente do Instituto Acende Brasil, Cláudio Sales , estima que o custo de enterramento de toda a rede em uma cidade como São Paulo, que conta com mais de 43 quilômetros de linhas de distribuição apenas na concessão da Enel, seria bilionário.

“Isso tornaria a tarifa de energia impagável”, diz.

Em entrevista à GloboNews esta semana, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, disse que avalia uma proposta junto à Enel para permitir a moradores interessados na troca das redes aéreas por subterrâneas que paguem uma contribuição voluntária para ajudar nos investimentos.

Fonte: https://epbr.com.br/por-que-e-tao-dificil-substituir-as-redes-de-energia-aereas-por-subterraneas-no-brasil/

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