Ventos em São Paulo foram atípicos, segundo presidente do Acende Brasil
Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, defendeu que o recente evento climático que devastou a infraestrutura elétrica da região metropolitana de São Paulo foi um fenômeno atípico, com ventos atingindo até 103 km/h, superando as normas técnicas de resistência dos postes estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
“A gente sabe que, segundo a especificação técnica da ABNT, os postes deveriam ser capazes de resistir a ventos de até 80 km/h. Ou seja, esse fenômeno foi único, que até transcende o padrão de recomendação da própria associação”, disse Sales ao EnergiaHoje.
O especialista destaca a responsabilidade das prefeituras na manutenção urbana, especificamente na poda de árvores, e na falta de investimentos em redes elétricas subterrâneas, que poderiam mitigar tais impactos. O executivo também chama atenção para as fragilidades do sistema de distribuição de energia do estado de São Paulo, que é fundamentalmente aéreo. A malha, que se estende por 43.000 km e inclui partes antigas, é permanentemente desafiada pela queda de árvores.
Além disso, Sales enfatiza que as críticas dos políticos à privatização da Enel Distribuição São Paulo são infundadas. “Todos sabem que o modelo de privatização dá muito mais responsabilidade e eficiência para a empresa, para poder fazer o seu serviço, oferecer energia, distribuir energia para a sociedade”.
No que concerne ao desempenho da concessionária, Sales realçou a superação das metas da Aneel em relação à redução de interrupções de energia. Segundo ele, com investimentos crescentes, a distribuidora têm registrado melhorias significativas.
Por exemplo: para 2023, a meta da Aneel é de 4,89 interrupções por ano, e a duração deve ser de 7,1 horas por ano. Em comparação, a Enel já alcançou a média de 3,25 interrupções e 6,15 horas de duração em média, excedendo o número de de 5,26 interrupções e 7,56 horas em 2018.
Para o executivo, esses resultados vieram após a Enel aumentar seus investimentos de R$ 800 milhões nos últimos 3 anos para uma média anual de R$ 1,354 bilhão em 2018, atingindo R$ 1,958 bilhão em 2022.
Rede subterrânea
Quanto à implementação de fios subterrâneos, Sales reconheceu suas vantagens em segurança e estética, mas ponderou sobre os elevados custos, mesmo ponto apontado por Julio Omori, superintendente da Copel Distribuição, em matéria publicada hoje (10). O presidente do Acende Brasil ressaltou ainda a necessidade de debater sobre a possibilidade de tarifas especiais para lugares que desejem e possam arcar com tais investimentos.
Ao abordar a questão das áreas vulneráveis, Sales entende que as necessidades variam de acordo com o perfil do consumidor, exemplificando com a diferença entre um hospital, que necessita de energia constante, e um consumidor residencial em uma área menos povoada.
“Você tem um consumidor que é, digamos, um hospital que tem equipamentos que não podem ser desligados nunca. E um consumidor que está no seu sítio ou numa região muito menos densa, e seu equipamento é só para uso doméstico”, finalizou.